DIA DOS PAIS 2024

Salve, nação! Homens e PATERNIDADE são dois temas sempre muito próximos. Nem todos os homens serão ou querem ser pais, mas todos são FILHOS de algum pai. Alguns cresceram com essa figura presente e tal relação sem dúvidas influenciou seu amadurecimento. Outros não tiveram essa oportunidade, mas também tem o peso dessa situação em sua formação. Mas a influência do pai no desenvolvimento de um homem vai muito além de ocupar um espaço. Ela é a base para a construção de uma personalidade. E é muito forte pensar que algo que deveria ser comum a todos se torna um privilégio de alguns. Quantos de nós, na falta dessa referência que não existiu em casa, buscamos fora, seja nos amigos, professores, ídolos do esporte ou da música? Tendo esse ponto de partida, a campanha de DIA DOS PAIS 2024 da BV BRASIL decidiu trazer esse ano exemplos de PATERNIDADES MÚLTIPLAS e PRESENTES, de homens que aceitaram o desafio de serem pais e de pais que souberam ocupar seu lugar na vida dos filhos. Para uma conversa sobre esse segundo universo paterno, nesse domingo, 11 de agosto, o SALUTE! dos Pais trouxe para a conversa nosso irmão e Loyal WILL MINEIRO, filho de outro barbudo muito especial, seu pai, CASSIO MARTINS. Vem acompanhar que a história é boa!

IMAGENS @WILL.MINEIRO

Will, quando eu vi pela primeira vez uma foto sua com seu pai, não lembro exatamente quando foi, mas era uma de vocês dois de perfil, olhando na mesma direção, e a imagem me pegou muito. Eram duas pessoas muito parecidas e, ao mesmo tempo, muito singulares. Simbolicamente, duas gerações que se seguiam e sucediam, mas que deixavam também uma participar da outra. Sempre tive muita vontade de conhecer essa história. Obrigado de verdade por estar aqui hoje. 

Irmão, só demoramos mais de um ano para conseguir isso! (risos). Nós começamos a conversar em 2023 sobre meu pai. Revendo agora,  bateu uma nostalgia boa de poder voltar. Os dias vão ficando tão corridos que, nossa, mesmo tentando estar mais próximos de quem a gente ama, a vida também vai ficando cada vez mais pauleira e atrapalha tudo.

Para situar a galera que está nos acompanhando, nós conversamos pessoalmente um pouco sobre isso no Meeting de 2023, em Curitiba. Eu já tinha me interessado pela história da foto. Depois, por mensagem, voltamos a falar sobre a possibilidade dela ser contada no SALUTE! de agosto daquele ano, também Dia dos Pais. Seu pai tinha ou estava completando 60 anos, se não me engano. Mas, por uma questão alheia à nossa vontade, não foi possível. Agora, conversando por áudio, muitos textos trocados e vídeos da estrada (risos), estamos finalmente conseguindo!

Agora a gente mete marcha! (risos)

Quero deixar claro que aqueles vídeos da estrada ficaram muito melhores depois que eu passei a escolher a trilha sonora! (risos). Abrindo os trabalhos, você pode apresentar um pouco do seu pai para nós?

Então, meu pai se chama Cassio Rosa Martins, tem 61 anos e é natural de Itajobi, município de São Paulo. Hoje está aposentado, mas antes trabalhava como ceramista.

IMAGEM @CASSIO.MARTINS

Opa! Informação nova para mim. Não sabia que seu pai havia sido ceramista.

Ele trabalhou durante uma parte da vida para algumas cerâmicas e nos últimos 11 anos de profissão, antes de se aposentar, teve a cerâmica dele como empreendedor. Produzia, principalmente, filtros cerâmicos de barro, mas também vasos em geral, comedouros e bebedouros de água.

E você disse que ele é natural de outro município paulista, Itajobi. Quando foi que ele veio para Jaboticabal?

Quando ele tinha 5 para 6 anos, meus avós, Encarnação e Alfredo, já na saudade hoje, quiseram vir para Jaboticabal a convite de parentes. Veio a família toda, inicialmente para morar num sítio. Depois de 2 anos, o vô Alfredo veio a falecer. Meu pai não chegou a conhecer bem o vô. Se foi cedo, enquanto ele era muito novo. A minha vó tentou, então, voltar. Mas não deu certo. Anos depois, ela veio a casar novamente, com o Sr. Vicente, já na saudade também. Se foi há três anos atrás. Pessoa que foi a referência para meu pai como Pai.

De certa forma seu pai teve dois pais. Mas sua mãe, quando ele conheceu?

Quando meu pai tinha 22 anos. Estão juntos até hoje, quase 40 anos. Minha mãe, Regina, e ele sempre foram preocupados em mostrar o que é certo ou errado, para mim e minha irmã,  e a consequência das nossas escolhas. 

IMAGEM @WILL.MINEIRO

O tipo de pais que estávamos conversando como muitos caras não tiveram na própria formação. Deveria ser o normal, mas sabemos que é um privilégio. Parabéns pelos seus pais, irmão! Você também tem uma irmã, e seu pai já é também avô. Quando foi que você começou a fazer parte dessa história?

Isso, meu pai é avó da Heloísa e do Heitor, meus sobrinhos. Quando eu nasci, meus pais tinham acabado de se mudar. Minha irmã já tinha 2 anos. Eles um pouco mais de 2 anos de casados, também. Minha mãe trabalhava com venda de roupas e meu pai já em cerâmica.

E tem aquela história que a sua mãe não gostava de barba! (Risos) Eu lembro que, de cara, eu tinha imaginado que você tinha começado a usar a barba maior por causa dele, mas a verdade não era bem assim (risos). Conta essa novamente?

Então (risos), meu pai sempre gostou de barba, mas nunca ficou por muito tempo porque minha mãe não gosta (mais risos). Bem no passado, quando eu nem era nascido, ele chegou a usar barba longa. Cabelo comprido também. Do cabelo ela sempre gostou, mas da barba não (muitos risos). Daí em diante meu pai manteve sempre baixo por anos e anos. 

Até você entrar no jogo…

Quando eu comecei a deixar a minha barba crescer, entrei para a BVBR e para o Thrybus,  fui incentivando ele a deixar ficar grande novamente. Agora a barba dele já perdura por quase uma década. Aliás, antes disso, meu pai não tinha nem carta de moto (risos). Foi com o moto clube que consegui que ele tirasse aos 55 anos! Hoje ele tem um triciclo.

IMAGENS @WILL.MINEIRO: 2009, 2019 E 2023

Eu adoro essa parte da história porque costumamos falar muito de como o pai é importante na vida de um filho, mas um filho muda muito a vida do pai, da mesma forma. Quando o cara se envolve de verdade na paternidade é uma via de mão dupla. Bacana vocês terem isso e a gente poder conhecer um pouco dessa relação, agora. Seu pai também faz parte do Thrybus? Para quem ainda não conhece, o Thrybus é um moto clube, amigo antigo nosso aqui no SALUTE!, desde 2019 em atividade em Jaboticabal, com ações sociais e de caridade, inclusive. 

Meu pai participa como simpatizante do Thrybus. Eu sou mais envolvido, no momento estou como diretor de Marketing. É mais uma das coisas que compartilhamos, igual o amor pela família, o gosto pela pesca e por viajar. A troca entre nós sempre foi forte. Meu primeiro trabalho foi com ele na cerâmica. Em vários momentos eu o vi em períodos difíceis como empresário. Mas sempre muito humano nas questões de cumprir os compromissos. Tirava dele para completar os pagamentos, se precisasse. Constantemente preocupado com todos os que estavam em volta. Realmente fez muita diferença aquele aprendizado e conselhos.

Will, eu queria poder contar ainda aqui várias histórias que ouvi de vocês dois, ele te ensinando a dirigir no Fusca Bege, a viagem entre SP e MT que, pela diferença de fuso horário, teve dois réveillons, mas o que eu vou te pedir para a gente fechar essa conversa, é uma mensagem final para o “Seu” Cássio, nesse dia dos pais.

Sabe, sempre falei que se eu me tornasse 50% do homem que meu pai é, eu já estaria completo. Eu sei que, por ele ser sempre um exemplo de vida em todos os sentidos para mim, uma referência, foi que consegui chegar onde estou. Me vejo 100% graças a ele, a mãe e minha irmã. Meu pai é meu ídolo! Amo muito e sou grato todos os dias a ele pelos ensinamentos, conselhos e amor que envolve tudo isso até hoje. Estamos juntos sempre, pai! Feliz dia dos pais!

IMAGEM @WILL.MINEIRO

Sobre a Bearded Villains:

Reunidos em 165 Chapters e presentes em 36 países nos cinco continentes, somos a maior irmandade filantrópica de barbudos no mundo. Em nosso país, seguindo os valores fundamentais de apoio à comunidade local, trabalho voluntário e eventos de caridade da BV Internacional, a Bearded Villains Brasil é o Chapter nacional mais antigo. Em atividade desde novembro de 2015, dividimos com nossos dois outros Chapters Irmãos brasileiros, BV Centro Oeste e BV São Paulo, os mesmos princípios de promoção da ética, paz, cidadania e direitos humanos.

ABRIL AZUL 2024

SALVE, nação! Abril é um mês muito importante na BEARDED VILLAINS BRASIL. Se por um lado ele abriga todo um calendário voltado a aumentar a conscientização sobre o TEA, Transtorno do Espectro Autista, com o 2 de abril,  DIA MUNDIAL DA CONSCIENTIZAÇÃO DO AUTISMO, e o próprio ABRIL AZUL, campanha estabelecida pela ONU, Organização das Nações Unidas, no início dos anos 2000, para dar visibilidade a essa causa, por outro, esse mês nos lembra que o autismo, principalmente a superação das barreiras e preconceitos relativos a ele, não são assuntos distantes de nenhum de nós, como sociedade ou como barbudos da Bearded Villains, uma vez que vários dos nossos irmãos estão ou possuem pessoas queridas dentro do TEA.

Segundo a OMS, Organização Mundial de Saúde, uma em cada 160 crianças no mundo está no espectro autista e pode ser identificada, ainda nos primeiros anos de vida, através do diagnóstico realizado por neurologistas ou psiquiatras especializados, análise comportamental, intensidade dos sintomas, além de entrevista com pais  ou pessoas do convívio. Mas, embora o diagnóstico de um profissional seja preferencialmente dado entre os 4 e 5 anos de idade, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, o diagnóstico tardio do TEA, realizado já na idade adulta, também é uma realidade causada pela desinformação,  sinais um pouco menos claros e sintomas que podem ser confundidos com os de  outras condições do desenvolvimento neurológico, igualmente caracterizados pela dificuldade de comunicação e interação social.

Pensando nesse assunto, O SALUTE! desse mês, 17º ano do Dia Mundial da Conscientização do Autismo, trouxe para a conversa o irmão MARCOS ALEXANDRE, Villain de Campo Mourão, município no interior do Paraná. O Marcos é um barbudo de 35 anos, autista nivel 1, ou leve, que, entre idas e vindas de diagnóstico e a chegada de um novo membro da família também no espectro, teve sua qualificação definitiva do TEA somente há pouco tempo, menos de dois anos atrás, no final de 2022. Nosso bate-papo com ele aconteceu entre os dias 2 e 14 de abril, o resultado vocês conferem agora!

ARTE POR @FABIOWPAZ

Marcão, você nem imagina como estamos felizes de te receber para essa conversa. Já há algum tempo nós vínhamos ensaiando alguns projetos para fazermos juntos, nenhum deles descartados, inclusive, e, não sei se vai se lembrar, nós subimos juntos o ranking de villain. Então, seja muito bem-vindo aqui ao SALUTE!

Eu que gostaria de agradecer essa oportunidade de poder falar um pouco sobre mim, até porque todo mundo tem um pouco de história.

Olha, quero deixar registrado que, quem nunca teve a oportunidade de conversar com esse cara ao vivo, está perdendo a oportunidade de ouvir uma das vozes mais bonitas de toda a Bearded Villains (risos). Você é um barbudo bem ativo nos grupos da BVBR, mas, para o pessoal que ainda não te conhece, pode dar para nós uma rápida apresentação?

Uma rápida apresentação, beleza. Meu nome é Marcos Alexandre, tenho 35 anos, sou pé vermelho, é com o pessoal do interior do Paraná, fala, não é? (risos). Moro moro aqui em Campo Mourão e estou trabalhando atualmente na área de comércio de auto peças. Antes de estar morando novamente aqui em Campo Mourão, eu morava em Curitiba. Morei lá dos meus 18, 19  até os 33 anos.

Como assim “Pé vermelho”?

Pé vermelho se diz do povo que é do interior do Paraná, mais especificamente do Norte do Paraná. Por causa da coloração da terra ser bem vermelha.

Achei que pudesse ter a ver como o “Maak” que você usa também no seu nome. Nos meus contatos, tenho você até hoje salvo como “Marcos Maak”.

Esse meu apelido, MaaK, que tenho desde os meus 12 anos, vem das iniciais do meu nome e sempre usei. Chegou num ponto que muita gente acredita que MaaK é o meu nome, e acho isso maravilhoso. Por coincidência, MaaK é uma palavra em árabe no qual acredito que significa “com você ” ou algo próximo disso.

Gostei do simbolismo. A Bearded Villains, se não me engano, você disse que conheceu ainda em Curitiba, como foi?

Eu conheci, não vou lembrar da data certa, mas foi quando o Nasa acabou ingressando na BV e eu percebi, com o passar do tempo, que ele foi amadurecendo, foi crescendo e fui vendo que a própria ideologia era bem próxima da minha. Ele passou alguns meses conversando comigo dos princípios, da hierarquia, do respeito, me convidou para participar e, depois de algum tempo, eu aceitei em uma pizzaria que fomos para comemorar o aniversário do Igor. 

Nasa, também conhecido como Everton Seifert, Loyal de Curitiba-PR, agora também fazendo um belíssimo trabalho como scout desde o início da última capitania, marido da Raphaella, líder das Bearded Villains Queens no Brasil e Igor, Igão Nascimento, Elite aí também no Sul, e atual Head Scout da BVBR. O Nasa já era seu amigo antes da BV, então?

Eles mesmos. Eu conheci o Nasa num grupo do Whatsapp de Metal, por causa de um show que iria acontecer em Curitiba e começamos a conversar. Eu chamei ele para ir comigo, fomos almoçar juntos e de lá nasceu uma grande amizade. Hoje ele é o padrinho do meu filho.

Depois que você entrou, quem foi seu scout?

Foram dois. Marcos Bertoldi, o primeiro, que era de Curitiba. Depois ele saiu e eu passei para o Igor. Eles sempre foram, não só meus scouts, mas meus mentores, também.

Nessa época você já tinha alguma suspeita a respeito da sua neurodivergência?

A minha vida inteira sempre me senti diferente dos outros. E, por ser diferente, tentava ser igual e me enturmar com a maioria. Mas não conseguia pelo fato da timidez, que era o considerado na minha infância. Posteriormente, na fase adulta, fui diagnosticado com fobia social.  Aos 12 anos, recebi o diagnóstico de TDAH. Naquela época, para receber o de autismo, tinha que ser um diagnóstico bem específico, porque não era tão conhecido pela OMS. Foi realizado um teste de QI, vários exames comigo e, desde aquela época, eu tenho algum acompanhamento psiquiátrico. Então, fui lidando com essas dificuldades de forma natural

Eu lembro de você conversando sobre TDAH, o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, na BV Brasil. Me chamou atenção porque eu também tenho TDAH’s na minha família. Qual foi o processo que te levou até o TEA?

Em 2022, o meu filho , na época com 4 anos, recebeu o diagnóstico de Autismo e isso me deixou de certa forma sem chão e bem assustado. Não era algo que estava esperando. A vida inteira eu vi o crescimento dele, o desenvolvimento e sempre foi de forma regular, dentro dos parâmetros médicos. Não teve atraso de fala, por exemplo. Apenas alguns erros bem comuns, confundindo a letra “L” com a letra “R”, e ele sempre gostou de brincar com a família. Então, aos olhos dos pais, no caso meu e da mãe dele, foi algo sempre normal. Eu sempre o considerei totalmente normal devido a grande semelhança comigo, na minha fase da infância. Foi através do diagnóstico dele que reavaliei completamente a minha vida. Justamente pelo fato de eu achar completamente normal o comportamento dele, pensei: “Se hoje ele com 4 anos, fazia o mesmo que eu na mesma idade, será que eu também sou?”. Então, fui atrás das informações, percebi que o gene masculino geralmente é o responsável pelo autismo, estive em uma neuro para fazer ressonância e, através dela, recebi indicação de uma neuropsiquiatra especializada em autismo, para realizar novos exames. Foram várias sessões, perguntas, entrevistas, testes e, no final de 2022, ela concluiu através do laudo o meu diagnóstico de Síndrome de Asperger, hoje popularmente conhecida como Autismo.

O Asperger e o Autismo atualmente são consideradas condições reunidas dentro da categoria dos Transtornos do Espectro Autista. Com o TEA sendo mais discutido nas mídias e redes sociais, muitos adultos procuraram ajuda para o diagnóstico tardio porque se identificam com histórias que tiveram acesso, de pessoas que estão no espectro ou até com personagens de séries e filmes. Bacana que você teve isso com o Daniel, seu filho, e, talvez, agora os dois estejam fazendo o mesmo por mais alguém que esteja lendo essa matéria nesse momento e se reconhecendo. Em relação ao TEA, qual seu nível e como você lidou com a descoberta de se encontrar dentro do espectro?

Dentro do Autismo há 3 níveis: leve, moderado e grave. No meu caso, sou considerado como Leve. Demorou alguns meses para que eu pudesse compreender e refletir tudo isso da minha vida. Foi bem complicado entender. Mas, hoje em dia, eu levo isso totalmente com naturalidade. É algo bem gostoso de se viver, em compreender como a minha cabeça funciona, o por que penso de tal forma ou do meu hiperfoco. Uma variedade de assuntos.

Como foi o seu caso, o diagnóstico de TDAH e o do TEA podem coexistir normalmente, um não pressupõe a exclusão do outro.  Em relação ao diagnóstico tardio do TEA, ele ajudou você a se entender melhor de alguma forma?

Depois que eu consegui compreender a minha forma de pensar, isso ajudou a entender o mundo por completo. Por exemplo, uma das grandes dificuldades que possuo é a compreensão da expressão facial. Não é nítido eu entender se o individuo está feliz, animado, reflexivo, contente, ranzinza, etc. Com essa dificuldade, eu acabei desenvolvendo uma técnica através da minha audição, ou seja, eu consigo compreender melhor a pessoa pela voz justamente pela tonalidade e como está dialogando. Eu até brinco que hoje em dia eu sou um excelente ouvinte, porque gosto de ouvir o que as pessoas têm para falar. Tenho uma grande dificuldade também em expressar de forma linear o que tenho para falar. Muitas vezes, preciso resgatar uma palavra, uma história ou algo próximo disso para dar continuidade e seguir o raciocínio. É bem chato e complicado. Porém, é uma forma que acabo aproveitando, porque também gosto de falar, de me comunicar.

Com tudo isso que você nos contou,  ficou bem claro que o diagnóstico correto ajuda as pessoas a se aceitarem e a compreenderem melhor a si mesmas, podendo daí criar estratégias, buscar intervenções que ajudem mais na qualidade de vida e, até mesmo, tirando a culpa por estarem fora de qualquer padrão imposto. Marcão, para nós foi ótimo ter você aqui nesse Abril Azul. Fechando, gostaria de deixar alguma palavra final para quem nos acompanhou até o fim?

Foi uma conversa muito agradável, amei compartilhar um pouco da minha experiência, da minha vida e mostrar que não sou um bicho de sete cabeças. (Risos) Tudo bem que nós autistas temos certas dificuldades, mas também temos muitas outras  facilidades.

Sobre a Bearded Villains:

Reunidos em 165 Chapters e presentes em 36 países nos cinco continentes, somos a maior irmandade filantrópica de barbudos no mundo. Em nosso país, seguindo os valores fundamentais de apoio à comunidade local, trabalho voluntário e eventos de caridade da BV Internacional, a Bearded Villains Brasil é o Chapter nacional mais antigo. Em atividade desde novembro de 2015, dividimos com nossos dois outros Chapters Irmãos brasileiros, BV Centro Oeste e BV São Paulo, os mesmos princípios de promoção da ética, paz, cidadania e direitos humanos.

CONVERSA COM O CAPITÃO: MARSHALL LIMA

“Senhoras e senhores, preparem-se para conhecer o único e inigualável Raphael “Marshall” Lima! Com 37 anos e residindo no Rio de Janeiro, ele não é apenas um Controlador de Estoque comum; é também um aspirante a designer com paixão por mergulhar fundo no mundo dos jogos eletrônicos. Quando não está organizando o estoque ou esboçando sua próxima obra-prima de design, você o encontrará se entregando ao amor por música eclética e explorando os tópicos mais aleatórios e fascinantes conhecidos pela humanidade. Preparem-se para uma jornada pela mente maravilhosamente curiosa de Marshall!”

(RAPHAELL MARSHALL, POR ELE MESMO)

Salve, nação! Como descrever um grande amigo nunca é uma tarefa fácil, o SALUTE!, nessa coluna CONVERSA COM O CAPITÃO que abre a TEMPORADA 2024 de suplementos da nossa newsletter, deixou o próprio convidado do dia, o CO-CAPITÃO DA BV BRASIL, MARSHALL LIMA, com uma ajudinha da I.A. se definir. Entre os dias 5 e 17 de janeiro deste comecinho de ano, ele, que também acumula as funções de OFICIAL DE ARTES e GESTOR da LOJA OFICIAL  da BVBR, aqui no site, aceitou nosso convite e, muito à vontade, nos recebeu para algumas conversas sobre codinomes, Bearded Villains, Murika e família. Toda a conversa (publicável) que tivemos, vocês podem acompanhar agora:

IMAGEM @BEARDEDVILLAINS_BRASIL

Marshall, já que eu não posso usar aqui nenhuma das formas de tratamento improváveis que usamos nas nossas conversas particulares, conta para nós como foi que Raphael Lima se tornou “o” Marshal Lima.

(risos). Adotei o nome de Marshall em algum momento entre 1999 e 2004, quando, na época, era muito fissurado em Tekken. Meu personagem favorito era o cosplay de Bruce Lee daquele jogo e ele se chamava Marshall Law. Como nos reuníamos em grupos e fóruns online pra trocar ideias e jogar Como era comum essa cultura do “nickname”, aproveitei que “Law” e “Lima” começavam com a mesma letra e só misturei as coisas… a partir dali, nascia Marshall Lima. Anos depois, quando tentei a sorte no YouTube, foi uma forma que encontrei de não ficar usando meu nome de batismo toda hora

Tekken, para quem não é aficionado por games, é uma série de jogos de luta lançada pela, hoje, Bandai Namco, em 1994, pioneira em animações 3D e, atualmente, contando com diversas atualizações, 3 filmes e vários spin-offs. Além disso, fica a dica para quem quiser conferir essa sua fase youtuber, procurem por “PODNERD”, na plataforma. Eu já conheço e é bem bacana. Mas, seguindo, por que trocar de nome?

Porque eu já estava meio de saco cheio dele! (risos) Experimenta ser um dos 37.974.632 Raphaeis que existem por aí e você vai perder seu senso de individualidade! Foi bem mais saudável, pra mim (risos) Ainda hoje algumas pessoas meio que se decepcionam ao descobrir que Marshall não é meu nome real. Mamedes foi um deles! Tenho um áudio muito bom do Padrinho no WhatsApp sobre isso!

FOTOS @SOMOSMARSHALL

Os áudios do Mamedes Souza, ou Padrinho, nosso atual Charity Officer, são um clássico! Puro suco de carioca. (risos). Ele esteve conosco na segunda live do SALUTE! no perfil oficial da BVBR no Instagram, ano passado. Até o final de janeiro, quem quiser conferir essa e as outras conversas que tivemos nas lives em 2023, vai poder ouvir tudo em formato podcast no canal da Irmandade no Spotify. Fica a dica. Voltando, em relação à Bearded Villains e a Bearded Villains Brasil, quando elas entraram no seu radar?

Conheci a Bearded Villains muito por acaso, em meados de 2017. Estava tentando movimentar um pouco o Instagram, e, naquela experimentação de hashtags, esbarrei com as da BV. 

Você era só um barbudo com um sonho (risos)

Na verdade, eu era apenas um barbudo tentando movimentar meu IG. (risos) Particularmente, eu admito achar um saco esse lance de redes sociais. Mas, pelo menos, sou grato pois foi isso que me trouxe à BV.

Então, você estava lá rolando o seu feed e esbarrou com as #beardedvillains, #bv4life, #juntosfazemosmais, #juntossomosmaisfortes,… e aí?

Aí, só precisei de uns 5 minutos pra descobrir do que se tratava e achei a ideia sensacional. Fui correr atrás de participar do movimento também. Foi só uma pena que demorou pra caralho, mas tamo aí hoje!

Ah, mas assim você está resumindo muito essa história. Tem mais contexto nesse enredo! Conta para a gente a versão estendida. (risos)

Então, eu era jovem e inocente, não sabia das coisas… (risos) Não, agora sério. Como falei, estava experimentando diversas técnicas e hashtags para conseguir aumentar minha visibilidade. Estava tentando trabalhar a minha marca, na época. Foi quando esbarrei nas hashtags da BV  que, por serem muito numerosas, acabei achando que se tratava de uma hashtag como qualquer outra e fui usando. Depois de um tempo, vi que já tinha até participado de alguns temas da BV sem nem saber o que era. Para mim, era só mais um tipo de brincadeira pra engajamento social da rede. Tempos depois, acabei me aprofundando mais, porque é difícil você não notar o padrão de formatação dos perfis da BV, e foi aí que descobri que se tratava de um clube de barba. Conheci a história da criação da BV Worldwide e descobri que havia, pelo menos, um Chapter aqui no Brasil.

FOTOS @SOMOSMARSHALL

Isso foi em 2017, então já estavam na ativa também o Chapter Centro-Oeste e o São Paulo, que se formaram em 2016, não é isso?

O Chapter São Paulo e o Centro Oeste ainda eram bem novos. Eu me interessei direto pelo Chapter Brasil. Fiquei enchendo o saco no perfil oficial da BVBR do Instagram, durante um tempo, até me responderem! (risos)

Quem foi o seu scout nessa época?

Tive um retorno de que meu scout seria o Patelli, Capitão naquela época, eu acho.

Em 2017 o Felipe Patelli era o Capitão e o Igor Nascimento, o Co-Capitão. Eles ficaram de 2016 até 2019. Depois o Felipe passou o cargo para o Juliano Lima, ou Juliano Barba, e o Igão, que hoje é o Head Scout da atual gestão, permaneceu como Co-Cap.

Ele mesmo, fui perturbar o Patelli e alguns outros membros que encontrei pelo caminho! (risos) Alguns me deram uma direção, alguns me ignoraram e outros resolveram encrencar com meu perfil! (muitos risos)

Mas, por quê?… Spoiler, agora que a história fica boa…

Que bom que você perguntou… (risos) Se você recorda, antes de conhecer o trabalho da Bearded Villains, eu já usava as hashtags e, em algumas fotos, usava até a formatação dos temas! Mas, na época, eu ainda não fazia parte da Irmandade. Não tinha a mínima noção ou orientação de como as coisas funcionavam. Guarda isso.

FOTOS @SOMOSMARSHALL

Gravamos a informação.

Depois que recebi a resposta do perfil, fui encaminhado para um scout e tal, falando com um irmão, tentei esclarecer minha situação. (mais risos). Num primeiro momento ele achou que eu já fosse da BVBR. Perguntou quem era meu scout, de onde eu era, meu ranking, essas coisas. Conforme eu fui me explicando, ele acabou entendendo que eu fiz tudo aquilo e ainda não era da BV! (muitos risos)

Conforme você foi se explicando, foi se enrolando.

Exatamente. Fiquei feliz porque parecia que estava tudo caminhando para um progresso…, daí veio um balde de água fria! (muitos risos) Aparentemente, não foi uma boa primeira impressão. (risos) Ele fez o pente fino no meu perfil, mandou tirar as hashtags das publicações, as formatações de texto, as informações da bio, porque eu não poderia estar usando. Até aí tudo bem, pensei comigo: ” eu que quero fazer parte do grupo dos caras, então, tenho que entender como as coisas funcionam”. Prontamente, fiz o que me foi pedido. Voltei pra mostrar minha boa vontade e dizer que já tinha feito tudo e…. tive de aguardar 6 meses para o Conselho deliberar o que fazer com você” (risos dele e meus). Hoje eu rio… mas na época eu estava meio chateado.

Chateado, mas não vencido!

Isso. Passaram os 6 meses, saí da geladeira, conheci um amigo que também queria entrar no Chapter Brasil, o Raph Gomes, hoje ex BVBR, e fiquei de “stand by”. Mas, como a gente é brasileiro… 2 anos depois, o Raph finalmente conseguiu ingressar e me animou a tentar novamente. Tive outra recepção. O processo de admissão era diferente, meu scout falou comigo quase que na hora e, quando eu percebi, já era mais um supporter no Chapter. Atualmente, vejo como a preocupação com os candidatos é importante. Existem muitas restrições para os novatos e hoje eu entendo que elas são necessárias para evitar que a gente saia correndo antes de aprender a andar. Todos um dia já fomos supporters, todos tivemos dúvidas. É a orientação dos outros irmãos que vai nos mostrando o caminho.

FOTOS @SOMOSMARSHALL

Nesse seu segundo momento, o Wesley da Silva, nosso Babu, atual Capitão e com quem você divide a liderança do Chapter, foi seu scout. Mas, antes dessa parceria na Capitania, você já desempenhava atividades da BV Brasil. Nas artes, como começou a trabalhar?

Comecei com dificuldades. (risos) No início, muitos dos meus trabalhos foram recusados. Diversas vezes, até. Mas, tudo que se faz na Irmandade é observado por alguém. Então, meses depois, quando fui crescendo nos rankings, fui contactado pelo Reges, Capitão naquela época. Foi ele que me perguntou se eu queria participar da Pasta de Artes. Ali foi o pontapé inicial pro trabalho que fazemos. 

Em 2020, quando você volta, agora com o Reges Vasconcelos e o Paulo Januário, respectivamente Capitão e Co-Capitão do Chapter, a primeira bandeira da BV Brasil havia sido mudada há poucos anos, em 2018, e o macaco Murika agora fazia parte do nosso selo. Mas foi só em 2021 que você começou a trabalhar efetivamente nas artes. De lá para cá, como foram sendo feitas as alterações na identidade visual do mascote da Irmandade?

Então, quando eu ingressei, o nosso querido Murika já existia e eu sempre gostei de tratamento de imagem e design. Muito do que eu aprendi foi futucando o photoshop. Só tempos depois que decidi mexer com vetorização e arte final. Quando o Reges fez o convite, eu tinha acabado de subir para Villain, topei na hora. Estava louco pra botar as asinhas de fora! (risos) E, justamente, uma das primeiras tarefas que me deram foi tentar renovar o Murika para diferenciar mais ele de outras imagens genéricas da internet. Como sou bom em editar, mas não desenho, se me der um lápis para rabiscar, fico igual a uma criança de 5 anos, pensei primeiro em mudar a cor. Testei diversas formas e paletas, tenho até hoje um arquivo chamado carinhosamente de: “50 tons de Murika”. (risos) Outros irmãos já tinham até experimentado uma estética verde e, na época, precisávamos fazer umas estampas rápido, porque estava chegando o aniversário do Chapter. Aproveitei a data e, como ainda não tinham decidido a cor, escolhi uns arabescos e joguei tudo num tom dourado-ouro. Fiz essa campanha de aniversário, mais para ganhar tempo enquanto ainda testava a cor definitiva . Mais tarde, quando paramos no amarelo que vocês conhecem hoje, vimos que seria uma boa escolha.

FOTOS @SOMOSMARSHALL

Esse foi, mais ou menos, o mesmo período que você assumiu também a administração da loja no site?

O mesmo. Eu já tinha alguns contatos de estamparia e confecção, então, acabei abraçando também a logística dos produtos da BVBR, porque conseguiria produzir as peças com mais agilidade.

Mas, desde a primeira versão do Murika para cá, não foi só a cor do mascote que mudou.

É, mais coisas ainda viriam. Eu não estava satisfeito ainda mudando somente a cor, meu sonho mesmo era poder redesenhar todo o conjunto para termos algo autêntico de verdade. Mas, para isso, precisava de um ilustrador profissional. Daí um dia, vi um irmão postando uma caricatura no grupo. Achei legal e fui atrás querendo fazer uma pra mim também. Papo-vai papo-vem, criei uma amizade com o artista das caricaturas, o Junior Bonini, e, desde então, ele tem trabalhado diretamente comigo quando o assunto trata da marca BV Brasil. Da união da minha visão com o talento do Bonini, o Murika passou a deixar de ser um macaco solitário para ter cada vez mais companhia. Hoje em dia, temos todo um planejamento para o lançamento da Família Murika. Sei que muitos de vocês já viram a maioria dos personagens e nossa alegria só aumenta ao ver o quão bem recebidos eles têm sido. Aguardem novidades!

Já nos encaminhando para o final da nossa conversa, mais recentemente, você assumiu o posto de Co-Capitão do Babu na atual Capitania, eleita no final de 2022. Depois de um ano da nova gestão, qual balanço você faz?

Um dos irmãos que mais representa a BVBR é o Babu. Como scout, ele foi a porta de entrada para muitos irmãos, inclusive para mim, e, como Capitão, é um cara que trabalha muito pelo reconhecimento do Chapter Brasil dentro da BV, nacional e internacionalmente. Sobre a gestão, definitivamente, 2023 não foi fácil. Isso é um fato. Por diversos motivos, desde o acúmulo de trabalho, o plano de querermos pensar de forma mais ampla, abraçando mais causas do que antes e, mais importante, dando mais espaço e atenção a todos os irmãos, nos levou a reorganizar algumas frentes. Nossa primeira iniciativa foi estudar quem estava com ranking parado há muito tempo e já merecia uma promoção. Depois disso, expandimos também um pouco a questão do recrutamento, para que todos que quisessem ingressar pudessem ter sua chance. Nessa mesma pegada, novas vagas de scout foram abertas para dar mais oportunidades a irmãos com vontade de trabalhar e crescer. Para além desses desafios, só temos a agradecer por todo o apoio que recebemos dos nossos irmãos de Chapter e Irmandade. Pode não parecer, mas a contribuição e apoio de cada um faz uma diferença enorme para nós e ajuda a manter viva a centelha que nos impulsiona a sempre estar trabalhando em prol do crescimento da Bearded Villains Brasil.

RANK PATCHES MARSHALL: VILLAIN (2021), LOYALS (2022) E MEMBER (2023)

Quem te acompanha mais de perto, sabe que, na sua vida pessoal, 2023 também foi um ano também de desafios. Principalmente, a perda da sua mãe, no início de fevereiro.

Basicamente o que posso dizer é que mesmo com todas as minhas limitações, consegui chegar bem longe em pouco tempo na BV, mas isso nunca teria sido possível sem apoio de duas grandes mulheres em minha vida. Uma delas foi minha mãe, que sempre me apoiou e incentivou, qualquer que fosse o interesse da minha hiper fixação atual, e minha esposa, que hoje em dia se tornou um dos maiores bastiões da minha vida.

A sua mãe, D. Tereza Cristina, eu não tive o prazer de conhecer. Mas perguntei ao Babu e pude ter uma noção do quão grande ela era. E que bom que você falou da sua esposa, a Thayline Lima. Como homenagem, e para quem está lendo isso é uma surpresa, o Marshall não sabia disso, nós pedimos para a Thay dividir conosco algumas palavras sobre a D. Tereza. Então, abrindo aspas:

“Não existem palavras suficientes pra descrever quem ela foi na minha vida. Ela foi minha confidente, minha amiga, minha mãe, minha avó. Foi uma das mulheres mais fortes e resilientes que tive o prazer de conhecer. Foi meu porto seguro, quando eu achei não ter ninguém na vida. Me ensinou o que pode, enquanto esteve comigo. Foi mãe dos meus bichos. A melhor mãe que meu marido poderia ter.  A melhor mulher que poderia educá-lo e o transformar nesse homem de caráter que ele é. Ela foi a melhor pessoa e não tem um dia, desde a sua partida, que eu não sinta sua falta! Ela foi diferenciada mesmo. O que dói mais. Pq não é fácil conhecer pessoas tão genuinamente boas assim.”

Para nos despedirmos do pessoal que nos acompanhou até aqui, algumas mensagem final?

Bom, acho que isso já é um bom resumo da minha experiência dentro da Irmandade. Se você também tem vontade de trabalhar e quer ajudar o Chapter a crescer, meu conselho é não ter insegurança. Perturbe a gente, mostre o que você sabe ou quer fazer. Sempre vai ter algum tipo de ajuda ou serviço que estaremos precisando!

Sobre a Bearded Villains:

Reunidos em 165 Chapters e presentes em 36 países nos cinco continentes, somos a maior irmandade filantrópica de barbudos no mundo. Em nosso país, seguindo os valores fundamentais de apoio à comunidade local, trabalho voluntário e eventos de caridade da BV Internacional, a Bearded Villains Brasil é o Chapter nacional mais antigo. Em atividade desde novembro de 2015, dividimos com nossos dois outros Chapters Irmãos brasileiros, BV Centro Oeste e BV São Paulo, os mesmos princípios de promoção da ética, paz, cidadania e direitos humanos.

SETEMBRO AMARELO 2023

SALUTE, nação! Não há como dourar essa pílula, falar sobre SUICÍDIO é sempre difícil. O tipo de assunto que só costumamos discutir quando nos atinge diretamente ou chega bem perto de nós. Exatamente por isso o primeiro alerta desta matéria já vem bem no início: muito mais pessoas à nossa volta do que imaginamos já tiveram essa intenção. Segundo estudo realizado pela UNICAMP, a Universidade Estadual de Campinas, e divulgada pelo CVV, o Centro de Valorização da Vida, 17% dos brasileiros em algum momento já pensou seriamente em pôr fim à própria vida. Desses, 4,8% chegaram a elaborar um plano de como levar isso a cabo. Todos os dias, cerca de 32 brasileiros morrem vítimas de suicídio. Essa informação te fez lembrar de alguma situação ou pessoa? Pode ser que a sua intuição esteja certa. Então, peço que você acompanhe com muita atenção essa nossa conversa.

O suicídio é uma demanda de saúde pública multifatorial. Fenômenos como depressão, consumo de drogas e álcool, etarismo, capacitismo, castigos físicos, violência doméstica, violência psicológica, assédio, racismo, homofobia, negligencia, abandono, bullying, abuso sexual, desemprego e a precarização da vida, são fatores que, muitas vezes, estão ligados à uma ausência de possibilidades de futuro que podem fazer com que pensamentos suicidas se tornem reais. Mas, se essas são questões atravessadas diariamente por diversas pessoas, como enxergar a vida para além dessa realidade? A criação de lugares de acolhimento e confiança, onde problemas possam ser expressos, são ações possíveis e ao alcance de todos nós para reduzir o número de vulneráveis. Mesmo assim, para aprendermos a atuar coletiva, preventiva e efetiva, a primeira medida precisa ser a educação.

SETEMBRO AMARELO 2023 – CVV

Durante um longo tempo, houve muito medo de que falar sobre suicídio pudesse resultar no aumento de casos. Entretanto, suicídios não são causados por campanhas e debates. Ele sempre é um acontecimento complexo. Na maioria dos casos, a pessoa não tem como objetivo final, realmente, a morte. Mas sim, o fim do sofrimento pelo qual está passando. Sendo, o fim da vida, o único jeito que enxerga no momento para fazer cessar. Felizmente, de algumas décadas para cá, com o sucesso e diversificação de iniciativas como o SETEMBRO AMARELO, trazer o assunto à tona, fazer com que essas pessoas saibam que não estão sozinhas e que existem meios de procurar apoio, tem sido mais frequente nas redes sociais e nas rodas de conversa.

O Setembro Amarelo se originou no Brasil em 2014, por meio de uma campanha criada pelo Centro de Valorização da Vida, CVV, o Conselho Federal de Medicina e a Associação Brasileira de Psiquiatria, ABP. Como 10 de setembro já era considerado o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, a proposta surgia como uma forma de aumentar a conscientização sobre a prevenção ao suicídio e dar mais espaço para discussão de propostas durante mais tempo.

Para nos ajudar com o tema, nos ensinar mais sobre o assunto e, principalmente, como oferecer ajuda, o SALUTE! trouxe para o bate-papo o psicólogo e atual PRESIDENTE DO CVV FRANCA-SP, Ricardo William Souza Cruz.

Ricardo, o Centro de Valorização da Vida é uma associação civil de filantropia, sem fins lucrativos, fundada em 1962, reconhecida como Utilidade Pública Federal em 1973, além de mantenedora e responsável pelo Programa de Valorização da Vida e Prevenção ao Suicídio. Hoje você comanda o CVV de Franca, município do interior do Estado de São Paulo, mas já é voluntário do CVV há, pelo menos, 16 anos. Como conheceu o projeto e por que decidiu participar?

Entrei no trabalho quando completei 18 anos. Ter 18 anos e uma disponibilidade de 4h semanais é o pré-requisito que  se pede para ser um voluntário. E sempre tive essa missão de ajudar. Ajudar ouvindo, compreendendo com carinho e acolhendo quem precisa conversar. Foi através da feira da Fraternidade, um evento que acontecia na cidade de Franca, que conheci o trabalho.

FOTO RICARDO WILLIAM

Pelo que eu li do material da CVV, essa escuta que compreende e acolhe, respeitando o momento e a forma de pensar de quem está vulnerável a pensamentos suicidas, é uma parte importante do trabalho de preparo dos voluntários. Em Franca, como teve início o atendimento do CVV?

A iniciativa do nosso posto de atendimento em Franca aconteceu há 42 anos, quando alguns estudantes que moravam em São Paulo e eram da cidade de Franca perceberam a necessidade de existir um posto de atendimento na cidade, uma vez que, na capital, já existia. No Brasil, o trabalho em si tem 61 anos. Nós nos dividimos em regionais. O posto da cidade de Franca faz parte da regional noroeste paulista, onde estão interligados 16 postos. Então, esses jovens que já conheciam o trabalho na capital, trouxeram o serviço para a cidade. No geral, nós temos mais de 100 postos espalhados no Brasil, 3582 voluntários e 3 milhões de atendimentos anuais.

Números grandes para atuar em um cenário gigante. Como fiquei sabendo através de vocês, a cada 40 segundos  uma pessoa se mata no mundo, somando quase um milhão de pessoas todos os anos. Isso fora a estimativa de que 10 a 20 milhões de tentativas, no mesmo período. Dentro desse quadro, quais são os objetivos dos CVV’s?

O objetivo do trabalho é acolher e cuidar. Cada voluntário é treinado para ter uma escuta ativa, ouvir com os olhos e com coração. É preciso ter uma escuta simpática para acolher o outro que precisa de ajuda. Nesse Setembro Amarelo falamos da prevenção do suicídio, mas devemos falar sobre prevenção do suicídio todos os dias.  E por que falar da prevenção do suicídio? As pessoas têm alegrias todos os dias, têm tristezas todos os dias. Sofrem e passam por situações boas e situações ruins. Então, o trabalho tem de estar na vida de quem precisa todos os dias. É preciso falar sobre prevenção.  Atendemos 24h por dia, sete dias da semana, para acolher, ouvir e oferecer carinho a quem tanto precisa. Costumo dizer que o trabalho é um ponto socorro emocional.

SETEMBRO AMARELO 2023 – CVV

Uma das informações mais importantes que tive no CVV foi que, quando o suicídio parece ser uma saída, a vontade de viver aparece resistindo ao desejo de se autodestruir. Mas também, que os pedidos de socorro de quem vem tendo pensamentos suicidas podem ser difíceis de serem identificados. Nesses casos, quais são os sinais de alerta?

Os sinais de alerta começam quando as pessoas se isolam. Se isolam por falta de trabalho,  por falta ou perdas que aconteceram na vida. Os motivos podem ser vários. Drogas são sintomas importantes, por exemplo. As pessoas que têm sintomas para o suicídio costumam achar também que não servem pra nada. Mas o isolamento é um dos principais sintomas. Nós temos um índice muito sério. Adolescentes e idosos são os que mais se suicidam. Percebo que após a pandemia os laços familiares, os laços entre as amizades, se perderam um pouco. As pessoas não sabem mais fazer amizades, os vínculos ficaram fracos. Estamos tendo que aprender tudo novamente e os jovens estão nessa. Isso  é muito grave. É preciso falar para conscientizar e cuidar de quem precisa de ajuda.

Caso alguém que esteja nos acompanhando queira ser voluntário do CVV Franca ou em qualquer outra unidade, como pode se candidatar?

Para ser voluntário do trabalho é necessário ter a partir de 18 anos,  vontade de querer ajudar o outro e disponibilidade de 4h semanais. Mais informações e como se inscrever, os voluntários podem encontrar no link: https://www.cvv.org.br/inscricao-para-novos-voluntarios/

Para fecharmos, em meados de 2023, às vésperas do Setembro Amarelo, o CVV de Franca foi furtado e, por não ter condições de manter o atendimento antes de substituir os equipamentos levados, precisou entregar o imóvel municipal onde atuava para a Prefeitura. Mas, graças ao reconhecimento do trabalho, o IMA, Instituto de Medicina do Além, uma instituição espírita, ofereceu um novo local onde os atendimentos estão sendo realizados, provisoriamente e sem nenhuma ajuda do poder público. Para quem puder contribuir também nessa frente, como ajudar?

Para que os atendimentos sejam realizados, o CVV depende da generosidade da população para repor os itens furtados. São necessários: cadeiras, computadores, fones de ouvido, impressoras, mesas e notebooks. As doações podem ser realizadas através da chave PIX (CNPJ) 54.157.714.0001/37. Caso a doação for material, pode levar até a sede do CVV no IMA, na Rua Tarsila do Amaral, 550, em Franca-SP, tel. (16) 3705-4411, ou entrar em contato através do telefone (16) 99977-1661. 

VOLUNTARIADO CVV

Antes de nos despedirmos, é indispensável deixar claro que saúde mental é todos os dias, não apenas no Setembro Amarelo. Além de ouvir e acolher, também é urgente resolver cotidianamente os problemas sociais,  o preconceito estrutural e a precarização da vida, além de fortalecer a rede de atenção psicossocial gratuita, para que o suicídio seja realmente combatido. E, por mais que o debate seja importante, a Organização Mundial da Saúde desaconselha a exposição de métodos ou processos de suicídio, para evitar que isso incentive outras mortes. Se você quiser saber mais, o CVV disponibiliza outros materiais para a consulta em cvv.org.br/conheca-mais .

Sobre a Bearded Villains:

Reunidos em 165 Chapters e presentes em 36 países nos cinco continentes, somos a maior irmandade filantrópica de barbudos no mundo. Em nosso país, seguindo os valores fundamentais de apoio à comunidade local, trabalho voluntário e eventos de caridade da BV Internacional, a Bearded Villains Brasil é o Chapter nacional mais antigo. Em atividade desde novembro de 2015, dividimos com nossos dois outros Chapters Irmãos brasileiros, BV Centro Oeste e BV São Paulo, os mesmos princípios de promoção da ética, paz, cidadania e direitos humanos.

ABRIL AZUL

SALUTE, nação! Nesta edição viemos inspirados por uma causa cheia de importância e significado: a construção de uma realidade mais justa e inclusiva. Nos últimos dias celebramos o ABRIL AZUL, mês internacional da CONSCIENTIZAÇÃO DO AUTISMO. Dedicado a dar visibilidade, debater e agir em prol das pessoas dentro do TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA, ou TEA. Pensando na data, fizemos um convite especial ao nosso irmão ROBSON JULIANO, para falar sobre o assunto na família. O Robson é pai da LIZIE, de três anos. Uma pequena autista grau 2, ainda não verbal, mas cheia de personalidade! 

IMAGEM DIVULGAÇÃO ABRIL AZUL

Robson Juliano, e que fique claro que daqui para frente só vou te chamar como o de costume, de Roju (risos), antes de nós começarmos a falar sobre TEA e essa campanha fantástica que é o Abril Azul, o que você pode contar para nós sobre o homem por trás da barba (risos)?

Certo (risos). Robson Juliano, natural de Curitiba. Nascido e criado. Casado, 35 aninhos, pai, Analista de Sistemas e barbudo (muitos risos).

A Bearded Villains Brasil como você conheceu?

Conheci através de um vídeo do William Peck, no youtube. Um cara que já saiu da BV.

Eu conheço esse vídeo! Também vi antes de entrar na Irmandade. O William Peck é o @umtatuado. Esse vídeo ele fez como o Igor Nascimento, o @soumcarabacana, nosso atual Head Scout no Conselho da BVBR.

Ele mesmo. Eu assisti o vídeo e falei com a BVBR em 03/03/2019.

Quem foi seu scout?

O Marcos Bertoldi foi meu scout. 

FOTO IG @ROBJULIANO

Eu não conheci o Marcos pessoalmente, acho que ele saiu também da BV há uns dois ou três anos. Mas o Wesley Babu, nosso atual Capitão, já me falou dele. Só boas referências. Ele foi o scout da maioria dos nossos irmãos mais antigos do Sul do Brasil, você, Nasa, Aguiar, Mike, Maak e por aí vai.

Bertoldi foi um cara excepcional. Sempre que possível a gente conversava. Eles vieram em minha casa para a ação de Páscoa, o Nasa, Zilliotto e Bertoldi. Meu Scout sempre me amparando e tirando minhas dúvidas. Depois de assistir ao vídeo, no mesmo dia dei entrada no passaporte BVBR (risos). Uma das coisas que me deixou preocupado, de início, foi o tamanho da barba exigido, que era mínimo de 4 cm.

Quantos centímetros de barba você tinha?

Quase 16 cm (muitos risos). Mesmo assim segui no processo e mandei tudo que foi pedido de informação.

E o que te chamou mais atenção na BV Brasil?

O que mais me fez ter interesse foram as ações de caridade. Eu e minha esposa já fazíamos algumas, mesmo sozinhos, por conta ou individualmente. Achei muito bacana todos os pilares da irmandade e a forma como todos me receberam.

FOTO IG @ROBJULIANO

Falando na sua esposa, você já é casado com a Deyse Jardim desde dezembro de 2017, não é isso? Como foi a decisão de dar um passo além,  aumentar a família e ter filhos?

Nosso sonho sempre foi ter filhos, não importa se biológicos ou não. Por isso, estávamos sempre em ações sociais relacionadas à crianças. Também nos treinamentos, rodas de conversas e afins. Burocracia tremenda. Mas não nos deixamos abater. Continuávamos frequentando uma roda para pais adotivos todas quintas. Só paramos porque descobrimos a gravidez. No momento, ficamos mais focados nela do que em ter outro filho. Era uma situação delicada e precisávamos de mais espaço e mais tempo. A Lizie é maravilhosa, mas ainda temos uma demanda grande de tempo e muita adaptação nas nossas rotinas. Não vemos no momento como podemos dar amor e carinho para outra criança, nessa etapa de desenvolvimento dela.

Sobre a Lizie, nós sabemos que um portador do TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA não têm traços visíveis característicos. Não tem rosto, não tem raça, não tem idade e nem sexo que o diferencie. No Brasil, também não possui estatísticas oficiais. O CENSO Demográfico 2022 foi o primeiro que, por força da Lei 13.861/2019, teve entre suas questões incluídas perguntas específicas inerentes ao TEA. Somente a partir da divulgação dos seus dados, prevista para ser feita até 2025, será possível saber a população de autistas em cada região. No momento, a quantidade exata de pessoas diagnosticadas com o Transtorno ainda é incerta. Esse tipo de desinformação, associada ao desconhecimento, tem sido uma causa importante da subnotificação e subdiagnóstico. No caso dela, o que chamou a atenção de vocês para a possibilidade de estar dentro do Espectro?

Lizie tinha muitas características e muita individualidade. Ela não queria andar, mas arrastava a bundinha no chão. Também não queria ficar em pé. Não tomava leite, se estivesse em temperatura superior à temperatura ambiente, por exemplo. Mamadeira quente nem pensar. Deyse conseguiu amamentar apenas de 3 a 4 meses e tivemos que apelar para fórmulas. Lizie, desde muito novinha, sempre foi muito decidida nas opções únicas dela.

FOTO IG @ROBJULIANO

Muitas crianças com TEA têm sinais de alerta desde muito cedo. Podem aprender a sentar, engatinhar e andar da mesma forma que um neurotípico, mas apresentarem dificuldade na comunicação não verbal, como o contato visual, na linguagem e na interação social, por exemplo. Cada uma é muito única. A forma como os sinais se manifestam e o nível de gravidade varia muito no espectro. O diagnóstico veio rápido?

Como não há um exame específico, nós levamos para uma consulta com o neurologista e ele avaliou os comportamentos dela. Primeira consulta, algumas perguntas e já identificou. Talvez porque já tínhamos uma lista de comportamentos, também.

Quando esses comportamentos se tornavam uma questão, como vocês contornavam?

Desde recém nascida, colocávamos desenhos educativos em inglês. Desenhos esses que, em qualquer momento de crise, bastava ouvir a música de introdução era suficiente para parar de chorar na mesma hora. Também, se colocássemos outros desenhos da época, ela já começava a chorar. Só assistia Cocomelon.

As terapias ajudaram?

Pra gente foi muito intenso o primeiro ano de terapias e para ela também. A princípio, tentamos vagas em algumas clínicas pelo plano de saúde. Mas a fila de espera era de até um ano. Optamos, então, por procurar terapeutas para atendimento particular. Lizie chegou a ter 10 terapias por semana. Foi realmente intenso para todos. Mas era necessário a intervenção de profissionais para ajudar, o quanto antes, nesse período de desenvolvimento. O mais importante de tudo é que, a cada dia que passava, mais aprendíamos sobre o autismo. Até a Lizie nascer, ele não fazia parte das nossas vidas de forma tão presente. São os altos e baixos na vida de pais e de crianças com autismo.

FOTOS IG @ROBJULIANO

Quais foram as maiores dificuldades?

Até o dia de hoje enfrentamos muitas barreiras. Mas acho que, a maior delas, foi a crise que a Lizie começou a ter a todo momento que precisávamos sair de casa. Logo após a pandemia, onde ficamos praticamente trancados o ano todo. Para sair de casa, não importava o destino, Lizie entrava em crise de choro. O simples fato de abrir a porta do apartamento desencadeava o choro. Às vezes, acontecia de ir chorando até o carro e só parar quando descia. Hoje, graças a Deus, vencemos essa fase.

E hoje, o que te deixa mais feliz?

Lizie já estar indo para escola. Ainda em fase de adaptação, mas já está adorando ir e sair de casa. Hoje, ela já quer almoçar cedo. 11:30h já está na larica (risos). Com fome e querendo almoçar. Terminou de almoçar, ela mesma já começa querer tomar banho para se arrumar. Tomou banho e colocou uniforme, já quer ir para escola. Fica toda feliz, agora, quando sai de casa já uniformizada. Sorrisos que dinheiro nenhum compra. Entra no carro sem chorar. Chega na escola feliz e fica correndo (risos).

Como você mesmo disse, felicidade que não tem preço. Roju, em 2007 a ONU, Organização das Nações Unidas,  designou  o 2 de abril como o DIA MUNDIAL DA CONSCIENTIZAÇÃO DO AUTISMO. A meta era aumentar a conscientização social, familiar e em relação às crianças, além de combater o preconceito e a discriminação. Tudo por meio de informações, eventos e iniciativas focadas no Transtorno. Mesmos objetivos que fizeram a Bearded Villains Brasil engajar com essa campanha. Você e a Deyse já participaram de ações nesse sentido?

Participamos em algumas com amigos e também em algumas planejadas por organizações de amigos, uma delas foi sobre a Síndrome de Down.

FOTO ACERVO PESSOAL @ROBJULIANO

Para encerrarmos, você poderia deixar algumas palavras para quem nos acompanhou até aqui e talvez possa se beneficiar da sua experiência e tudo que a Lizie vem realizando?

Ver a evolução dela até hoje é lembrar de todas as fases que passamos para chegar até aqui e que muitas pessoas da família disseram que não era nada. Mesmo assim, seguimos nas terapias. Porque, na dúvida, é melhor prevenir do que remediar. Hoje vemos muitas crianças que, assim como a Lizie, demonstram sinais de autismo. Porém, alguns pais ainda insistem em dizer que não é nada ou se recusam a aceitar que a criança precisa de ajuda para melhorar o desenvolvimento. Autismo não é doença. Acho que é isso irmão. Gratidão pela BV Brasil  abrir um espaço para falar sobre isso.

Sobre a Bearded Villains:

Reunidos em 165 Chapters e presentes em 36 países nos cinco continentes, somos a maior irmandade filantrópica de barbudos no mundo. Em nosso país, seguindo os valores fundamentais de apoio à comunidade local, trabalho voluntário e eventos de caridade da BV Internacional, a Bearded Villains Brasil é o Chapter nacional mais antigo. Em atividade desde novembro de 2015, dividimos com nossos dois outros Chapters Irmãos brasileiros, BV Centro Oeste e BV São Paulo, os mesmos princípios de promoção da ética, paz, cidadania e direitos humanos.

ENTREVISTA COM O CAPITÃO: BABU WESLEY

 ARTE POR @SOMOSMARSHALL

Antes mesmo de conhecer a BEARDED VILLAINS, o novo CAPITÃO da BV BRASIL, Wesley da Silva, ou BABU WESLEY, já possuía uma das principais qualidades de um membro da Irmandade. E não estamos falando aqui da barba. Natural da Maré, um dos maiores complexos de bairros, comunidades e conjuntos habitacionais da Zona Norte do Rio de Janeiro, filho de uma família não nuclear que, como muitas brasileiras, leva a importância da criação no coração, para além dos pais, esse barbudo sempre soube da importância da SOLIDARIEDADE. 

Disposto a engajar em alguma causa social, mesmo que só na linha “se eu dividir o pouco que tenho, posso ajudar a quem não tem nada”, o atualmente MEMBER Babu, conheceu  o trabalho da BVBR através do Instagram, aceitou o desafio da caridade e foi além: se tornou um dos membros mais ativos dos nossos quadros, ajudou a formar ao menos 15 novos membros e, depois de um período no CONSELHO, foi eleito para a CAPITANIA.

Dividindo sua atenção entre as responsabilidades de SCOUT e as de organizar a nova gestão da Irmandade, que se iniciou em 18 de novembro de 2022, ele recebeu o SALUTE! para alguns papos descontraídos e, lógico, inspiradores. Acompanhem!

Babu, por todas as vezes que contribuiu com as matérias do SALUTE!, nós já te conhecemos um pouco. Sabemos que hoje tem 34 anos, mora em São Gonçalo, Leste Fluminense do Rio de Janeiro, é pai do Noah, de 4 anos, que sempre acompanha as ações de rua no Rio,  e você torce pelo time da estrela solitária, o alvinegro de General Severiano, Botafogo de Futebol e Regatas (risos). Mas, fora isso, a pergunta com a qual queremos abrir, talvez a mais reveladora dessa conversa é: de onde vem esse apelido “Babu”? (muitos risos)

Então (ainda mais risos), esse é meu apelido desde antes de um ano de idade. Eu era um bebê muito gordo. Uma bola de tão gordo que era. E foi meu tio que colocou esse apelido de “Babu”. Babu, era o gênio de um desenho animado.

Nossa! Verdade, fui procurar. Era a série animada “Jeannie”, da Hanna-Barbera. Um spin-off do programa de televisão “Jeannie é um gênio”. O Babu era um gênio gordinho, em treinamento, que transformava as pessoas, por acidente, em picles. 

Exatamente! (Risos)

Vou deixar essa imagem do desenho, essa pérola de 1973, nos comentários, para quem tiver a curiosidade de conferir! Esclarecida a dúvida crucial, você é um cara tão identificado com a BV que é até difícil lembrar que já existia toda uma vida prévia à BV Brasil. Conta um pouco para nós de como era antes da Irmandade.

Beleza. Eu fui nascido e criado, até os 12 anos, no Complexo da Maré, Morro do Timbau. Uma favela gigante do Rio de Janeiro. Lá são várias favelas juntas, na verdade. Minha mãe é da Vila do Pinheiro, que é na parte de baixo da Maré, por exemplo. Mas também tem a Vila do João, Baixa do Sapateiro. O Complexo da Maré é muito grande. Quando eu tinha dois anos, meu pai, Reginaldo, que as pessoas conheciam como Réges, faleceu. Continuei morando com a minha avó, D. Áurea. Avó paterna. No começo da adolescência ela, que agora já é falecida também, eu e dois tios, nos mudamos para São Gonçalo. É onde moro até hoje. E eles, juntamente com meu filho, os filhos deles, são a minha família. Profissionalmente, trabalhava nesse mesmo lugar. Estou há 6 anos no mesmo shopping como segurança. Acho que a diferença só era que, na época, eu estava casado com a Thaís, mãe do Noah. Diga-se de passagem, ela foi minha companheira, é uma ótima mãe para o nosso filho, tem todo o meu respeito e carinho. Assim como também tem a Rose, minha atual companheira, que sempre está comigo nas ações de rua da BV, ajudando nas entregas de alimentos e nos registros das atividades.

 A Bearded Villains como você descobriu?

Eu conheci a BV através do Instagram. Em setembro ou outubro de 2018, quando o Makeiby, da BV  Brasil, começou a me seguir. Na época, a minha barba ainda não estava grande. Devia ter uns dois ou três centímetros, eu estava começando a deixar ela crescer. Mas eu segui ele de volta e fui ver as fotos do perfil. Vi uma galera reunida, barbuda, com um estilo bacana que eu gosto. Pareciam roqueiros e tudo mais (risos). E comentei, em uma das fotos dele, que tinha achado bacana a galera barbuda reunida. Mas que era uma pena ser no Sul e não aqui, no Rio de Janeiro.

Você está falando do Makeiby Medeiros, Loyal do Rio Grande do Sul.

Exatamente, ele mesmo. Depois do comentário, não demorou muito, o Makeiby me respondeu. Agradeceu pela postagem e me explicou que fazia parte de uma irmandade que não era só do Sul. Era no Brasil inteiro e, inclusive, mundial. Se eu tivesse interesse em conhecer e participar, para mandar um Direct. Eu falei “Sério? Quero sim!” (risos). Me interessei, mandei a mensagem e começamos a conversar. Ele passou o WhatsApp para me dar mais detalhes, me interessei mais ainda pela Irmandade e, no final, perguntou se eu queria fazer parte.

Quem foi seu scout?

O Juliano, de Angra dos Reis, município no sul do Estado aqui do Rio de Janeiro. O Makeiby me passou o contato dele, o Juliano me entrevistou e pediu para eu aguardar ser avaliado. Isso no final de 2018. Em fevereiro de 2019 eu tive a aprovação e comecei minha jornada na BV Brasil, como supporter.

Para quem não está familiarizado, o supporter é o primeiro degrau de um novo membro ao entrar na Bearded Villains, é o início do caminho. Depois o candidato se torna Hopeful e, finalmente, Villain. O primeiro ranking oficial como membro da Irmandade. Como foi esse começo para você?

Foi bem especial. Eu comecei em fevereiro de 2019, como supporter, e vi que era algo muito legal. Sempre tive vontade de fazer ação social. De ajudar, poder participar disso, ceder um pouco do nosso tempo. Do pouco que a gente tem para dividir com aqueles que não tem nada, entendeu? Porém, nunca tive uma iniciativa. A vontade sempre existiu. Mas, iniciativa minha, zero. Na BV eu vi essa oportunidade de poder aflorar isso. De poder ajudar de fato, botando a mão na massa, aquelas pessoas mais necessitadas.

Qual foi a sua primeira ação?

A minha primeira oportunidade de participar de uma ação foi já no primeiro contato com a galera da BV. No aniversário de um ano da BV São Paulo, em abril de 2019. Foi meu primeiro Meeting, o primeiro contato de perto com a galera, da BVSP e do meu Chapter, BVBR. Inclusive com o Capitão na época, Juliano, meu scout, e também como futuro Capitão depois dele, o Reges. Que encontro maravilhoso. Por um fim de semana em São Paulo eu pude sair do virtual e ter contato ao vivo com os brothers. Momento de lazer, de trocar experiências. E, no domingo, final do Meeting, a BVSP organizou uma ação numa ONG para crianças, em São Caetano. Foi a hora que eu pensei: “Eu sou isso aqui, cara, sou eu sou um BV. Vou vestir a camisa da BV Brasil, vou respirar a BV. Eu quero de fato fazer a diferença. Ainda que eu não vá mudar a vida da pessoa. Mas que, ao menos naquele dia, vou provar que ela não é invisível. Que ela é especial e está sendo lembrada pelo menos um dia”. Eu não me esqueço nunca desse Meeting da BV São Paulo, de ter podido participar, de conhecer esses brothers e os brothers do meu Capítulo.

Foi nesse Meeting também que você passou para Hopeful, se não me engano. 

Isso, passei para Hopeful no Meeting da BV São Paulo, junto com o Silvio Pereira, que também é carioca e hoje é Member.

A bandeira de Villain quando você subiu?

No final de Abril eu subi bandeira para Villain e depois em Maio, quase um mês depois, recebi meu Patch de Villain. Mais ou menos três meses depois de ter começado na BV. Fiquei muito feliz. É inexplicável. Emocionei mesmo em casa. Todos os patches que recebi até hoje considero  importantes. Tanto o de villain, o de member, quanto o de scout. Mas o de villain é especial porque marca a minha entrada no na BV. Talvez quem esteja de fora não entenda. Só sabe do que eu estou falando mesmo é quem vive isso ali dentro da irmandade.

Depois desse primeiro meeting da BVSP, você esteve também nos meetings seguintes: 2019, da BVBR em Curitiba, e os Sul-Americanos de 2019 e 2020, ambos na Argentina. Não parou mais (risos). Você é um dos caras que mais encontro nas fotos de encontros passados da Bearded Villains. Na questão da caridade, a BVBR também atendeu suas expectativas?

Com certeza. No mesmo ano que eu recebi meu ranking de villain, mais para o final, em novembro, houve a troca de capitania. O Reges Vasconcelos e o Paulo Januário assumiram como Capitão e Co-Capitão. A mentalidade do Reges sempre foi muito boa em relação a caridade, ele passou a focar a Irmandade mais nisso. Tanto que, a partir de 2019, a BVBR desandou a fazer ações. Na primeira vez no Rio de Janeiro, fizemos o Silvio Pereira, a Amanda Christie, esposa dele, e eu. Foi aqui em São Gonçalo, onde eu moro, distribuindo lanches para moradores de rua. E o pensamento do Reges sempre foi muito esse, focar nos pilares da Bearded Villains, principalmente no da caridade. De poder levar algo de um pouco melhor para as pessoas. Foi através das ações de caridade que o grupo do Rio começou a crescer mais, também.

A familia carioca da BVBR é outra parte importante da sua história. Os membros dela são muito próximos um dos outros e muito ativos nas ações nacionais e nas locais de rua. Você foi e ainda é scout de vários desses membros. Como começou esse novo momento no seu trabalho na BV?

Começou em 2020, com o patch de Member.  Foi quando o Capitão, que deixou o cargo agora em 2022, Reges Vasconcelos, conversou comigo. Disse que precisava de um scout no Rio de Janeiro, mais perto da galera do sudeste, e perguntou se eu não queria participar do processo. Eu falei que sim, que estava ali para ajudar, fazer diferença e poder ser participativo. Então o Igor Nascimento, que foi Co-Capitão na época do Juliano Barba, começou a me passar todo o procedimento, toda a regra. Sempre muito próximo, muito solícito para me tirar qualquer dúvida. Daí começaram a aparecer mais candidatos aqui no sudeste e fomos juntando uma galera muito boa para poder fazer ações sociais, principalmente as em ongs e as de rua. Já fizemos várias delas através desse pessoal. O que acaba trazendo, também, mais candidatos para a BVBR aqui no Rio de Janeiro.

E como Capitão, quais são seus objetivos?

Como Capitão, o objetivo na verdade é continuar o bom trabalho dos nossos membros, do Conselho, do Capitão Régis e do Co-Capitão Janu. Têm que ser reconhecido que eles deixaram um legado, conseguindo transformar a BV Brasil em ONG e elevando o nível das ações sociais. Claro que com a ajuda de todos aqueles que estão comprometidos com a causa. Por isso que, diante disso, meu objetivo é montar um Conselho ativo, presente, tendo um Co-Capitão que seja próximo e engajado com a causa. Todos comprometidos com a Irmandade, nossos pilares e empáticos em discutir ideias para nossa melhoria.

Da experiência como scout no Rio de Janeiro, o que você pretende levar para sua gestão como Capitão da BV Brasil?

Acho que o cuidado com os irmãos de hoje e a atenção com os candidatos que estão entrando. Mesmo que não seja nosso objetivo principal, que é a caridade, é importante também efetivar as subidas de ranking, trazer mais para perto os irmãos que estão um pouco mais afastados e fazer as pessoas saberem que elas são importantes. Temos de estreitar os laços. A Bearded Villains Brasil é gente que gosta de gente, pessoas que gostam de pessoas. Se nós não cuidarmos dos nossos, se não estivermos próximos dos que estão aqui, como é que vamos poder nos unir para cuidar dos de fora?

Essa proposta de estar mais próximo, abraça também os irmãos de outros Chapters e de outros países?

Com certeza.  É um objetivo que tenho, que estou amadurecendo e que alguns irmãos já vieram também dividir essa ideia comigo. Uma ideia que é grande, difícil, porém não impossível: poder fazer, pela primeira vez, um Meeting Latino-Americano promovido pela BV Brasil. Um em que possamos trazer brothers de outros Chapters, de outros países, principalmente aqui da América América do Sul. Claro que o Wesley sozinho não é capaz disso. Mas, com o envolvimento da equipe, da galera e da Irmandade, podemos fazer algo épico, que entre para a história e ajude a promover, ainda mais, a BV Brasil.

POSTAGEM DE 05 DE NOV. DE 2022 – BRBQ BAR & SMOKE HOUSE – @BABU_WESLEY

SOBRE A BEARDED VILLAINS: Reunidos em 165 Chapters e presentes em 36 países nos cinco continentes, somos a maior irmandade filantrópica de barbudos no mundo. Em nosso país, seguindo os valores fundamentais de apoio à comunidade local, trabalho voluntário e eventos de caridade da BV Internacional, a Bearded Villains Brasil é o Chapter nacional mais antigo. Em atividade desde novembro de 2015, dividimos com nossos dois outros Chapters Irmãos brasileiros, BV Centro Oeste e BV São Paulo, os mesmos princípios de promoção da ética, paz, cidadania e direitos humanos.

CONVERSA COM O CAPITÃO: FRANCO ANDRÉ

Se você já sentiu em algum momento que conciliar a vida cotidiana com as demandas da BEARDED VILLAINS pode ser um grande desafio, então você precisa conhecer o personagem desse CONVERSA COM O CAPITÃO.  Imagine liderar um Chapter, ser coach, formador de novos coaches, palestrante e mais, consultor de uma marca voltada para o autocuidado masculino, a Posê Homem. O que pode parecer difícil para muitos é motivo de orgulho para o nosso irmão FRANCO ANDRÉ, CAPO da BV CENTRO-OESTE. Professor universitário formado em Marketing, pós graduado em Comunicação Estratégica e Mestre Barbeiro pela Federação das Escolas, único órgão no Brasil responsável pela emissão de certificados com equivalência internacional, o Papito, cognome do Capo Franco desde a época de Scout da BV BRASIL, dá conta disso tudo e ainda encontra tempo e disposição para, aos domingos, dar aulas de barbearia mais acessíveis para jovens com pouca renda, mas muita garra e força de vontade. Confira agora o bate-papo que o SALUTE! teve com o CAPITÃO da BVCO.

ARQUIVO PESSOAL CAPITÃO FRANCO ANDRÉ

Capo Franco, o Sr. é um dos membros nacionais mais antigos da Bearded Villains. Fez parte da primeira formação da BV Brasil, conviveu com os quatro barbudos originais que trouxeram a Irmandade para o nosso país, participou ativamente do crescimento dos quadros de membros e também viu o nascimento do seu hoje Chapter BV Centro-Oeste, na época BV Goiás, e do Chapter BV São Paulo. Mas como o Sr. conheceu a Bearded Villains?

               Bom, eu conheci a BV vendo publicações do símbolo do barbudo mascarado. Eu seguia alguns perfis com barba. Já tinha barba, mas não era barbudão, não. Aí, para uma certa pessoa que eu seguia, que na época era hopeful na Bearded Villains, mas saiu, eu perguntei “Cara, que símbolo é esse que toda hora você publica?”. Ele me explicou, por alto, que era um grupo de barbudos, que o Capitão do Brasil era daqui de Goiânia e que era uma irmandade internacional de homens de barba. Apenas isso. Eu achei interessante e entrei em contato com a Bearded Villains Brasil. Isso há sete anos atrás, em 2015. E me falaram que se uniram para fazer caridade e tal. Então eu vi os outros perfis, vi o perfil do Instagram da Bearded Villains e achei interessante. A minha barba ainda tinha ainda uns 3 cm. Mas eu comecei a cultivar a barba e publicar.

Isso no tempo em que a BVBR ainda era o único Chapter no Brasil. O Sr. teve um Scout, já existia alguém com essa função por aqui?

Meu scout foi o Gabriel Quiñones, de Porto Rico. Ele foi scout de centenas de latinos, inclusive do Mauro Ponti. Muitos Capitães, da Argentina, do Paraguai, também. Ele abriu muitos Capítulos.

FRANCO ANDRÉ – CAPITÃO DA BV CENTRO-OESTE

Na BVBR como foi a sua passagem?

               Quando eu entrei no Capítulo, ainda hopeful, fui nomeado secretário. Em um mês eu recebi meu Patch Villain. Me empolguei tanto no Instagram, com os outros irmãos, com o Capítulo Brasil, que recebi rápido. Um mês depois. Acho que foi tudo em agosto, no meu aniversário. Se não me engano, na época tinham uns cinco Villains só no Brasil. Eu fui scout de dezenas. Inclusive o Igor, @souumcarabacana, ele foi meu hopeful. Vários, vários irmãos antigos do BV Brasil, foram meus hopefuls. Então, fui secretário do Bearded Villains, fui scout também e recebi o Patch Scout. Depois me desliguei do Capítulo. Mas permaneci como Villain, auxiliando e indicando o BV Brasil, na época.

O Sr. teve hopefuls em Portugal também, não é isso?

Isso. Antes de me desligar do BV Brasil, eu comecei a scoutear membros em Portugal. Eu fui scout de mais de 30 portugueses. Alguns deles lá, no Capítulo até hoje, foram meus hopefuls. O primeiro capitão do Chapter Portugal foi meu hopeful, o Paulo Raposo. Foi um trabalho bem bacana. Quem ergueu a bandeira do Capítulo, solicitando o selo oficial, se vocês olharem lá em baixo no Instagram deles a bandeira levantada, foi feito por mim. Com muita honra, muito prazer, muito orgulho de trabalhar com eles. Quando chegou o momento de me desligar, continuei auxiliando alguns outros Capítulos, e o próprio Capítulo Brasil, da melhor maneira que eu podia. Alguns dos meus membros aqui no BV Centro-Oeste, não foram diretamente scouteados por mim. Foram orientados, mas foram dirigidos para o BV Brasil.

BVGO, ATUAL BVCO – FLAG FRIDAY DE MAR. 2018

Falando nisso, como surgiu a ideia do Chapter Goiás, que foi a primeira denominação da hoje BVCO?

               A iniciativa do Chapter Goiás, foi justamente porque os Capítulos são, meramente, regiões administrativas regionais do BV original. Podendo ser país, regiões ou estados. O Brasil é muito grande. Eu conversando com um dos ex Capitães do BV Brasil, fui sabatinado sobre qual seria minha intenção de abrir um Capítulo e apresentei que era uma questão regional. Tinham muitos irmãos em Goiânia, muitos irmãos em Brasília e no Estado de Goiás, interessados. Já tínhamos villains. Eu, então, sugeri, pedi e apresentei a intenção da abertura do Chapter Goiás. Para podermos trabalhar e não ficar aquela coisa esparramada, espalhada. Porquê, de novo, o Brasil é muito grande. Então a ideia era essa, tentar fazer um trabalho regional em Goiás.

E como funciona o processo de fundação de um novo Chapter?

               Depende de concordância. Porque sempre que você vai abrir um Capítulo, você tem de ter a concordância do Capítulo mais próximo. Um outro Capitão tem de falar “não, tudo bem”. Como foi dada e já tínhamos mais de cinco villains, nós demos entrada no processo. Que foi rápido, também. Em um mês e meio nós fomos aprovados. Acho que porque na época eu já era um Villain antigo, o Von Knox já concedeu. Demorou um mês e pouco e já conseguimos receber o nosso selo oficial, com muito orgulho. E, com tempo, surgiram algumas pessoas, de outros estados próximos a Goiás, querendo participar do Chapter, também.

Em relação aos novos membros, como se decide quando um irmão vai fazer parte de um ou outro Chapter?

               Quando um irmão quer fazer parte do Bearded Villains, ele tem de procurar o Chapter mais próximo. Então, por exemplo, tem Tocantins. É próximo a Goiás. Mas existe o Capítulo Brasil. Então, primeiramente, o irmão tem de procurar o Capítulo Brasil. Se o cara mora num estado próximo a São Paulo, ele vai procurar o Capítulo São Paulo ou vai procurar o Capítulo Brasil. Salvo quando o irmão falar “eu tenho facilidade”, como aconteceu, “facilidade de estar sempre a Goiás”. Isso porque o irmão do Capítulo tem que atender ao chamado do Capitão e do Conselho do seu Capítulo para participar das atividades. Não podendo, ele é um irmão sem atividade alguma dentro do Capítulo. O ideal é sempre que ele esteja próximo, ou dentro da região do Capítulo, para atender ao chamado às atividades, ações sociais e tudo mais. Nesse caso, o que o Capitão faz? Ele entra em contato com o Capitão do Brasil, que é o Capítulo mais próximo, e informa a situação. Tem de ter a comunicação.

BVCO – AÇÃO SOCIAL DE AGO. 2021

Com as regiões e os limites geográficos de cada Chapter, funciona de forma parecida? Como aconteceu a passagem de BV Goiás para BV Centro-Oeste?

               Semelhante. Eu observava aqui algumas pessoas próximas querendo fazer parte do Capítulo, por exemplo. Então, entrei em contato com o Capitão atual do Brasil e falei “Olha, eu tive uma reunião com o meu Conselho e nós temos a ideia de agregar os Estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, para justificar essa movimentação próximo ao estado de Goiás de novos irmãos. Há alguma objeção? Nós vamos agregar e tornar o Centro-Oeste”. Houve a resposta “Não, tá tudo bem, podemos fazer. Está ok, eu estou de acordo.” Foi o Reges, no caso. E aí, fiz a solicitação. Também não demorou. Foi aprovado a nossa logomarca, o novo nome do Capítulo, Capítulo Centro-Oeste. Fazendo, desde então, nossa jurisdição ser Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e o Distrito Federal.

Aproveitando que o Sr. citou o nosso Capitão aqui na BVBR, Reges Vasconcelos, ele também foi seu scouteado seu no Chapter Brasil, não é?

               Isso. Logo no começo do Bearded Villains, há oito anos, o Von Knox via alguns perfis de barba no mundo todo, onde a pessoa tinha uma boa barba, um perfil bacana no Instagram e, às vezes, enviava, sem a pessoa ser scouteada, um Patch Villains. Na época Patch Prospect. Tiveram aqui no Brasil uns três ou quatro. Acho que apenas um só que permanece Villain, que é o Reges. Ele tinha o Patch Villain, recebeu pelo Direct do Von Knox, lá de Los Angeles. Quando eu vi, entrei em contato com ele, me apresentei como scout do Capítulo Brasil e perguntei “aí irmão, quem foi seu scout, quem te orientou na Bearded Villains”. E ele falou “Não, ninguém. Apenas recebi isso aqui do Von Knox, tal, tal, tal.” Então, eu passei todas as orientações, os fundamentos, as diretrizes, as normas, as regras do Bearded Villains para ele e convidei a participar do Capítulo Brasil, apresentando ao Capitão da época. De certa forma, ele foi meu Hopeful também, né? E sou muito grato e muito orgulhoso de vê-lo hoje como Capitão do Capítulo Brasil.

FRANCO ANDRÉ – CAPITÃO DA BV CENTRO-OESTE

Capo Franco, para nós fecharmos essa conversa, gostaria de pedir para o Sr. falar um pouco dos objetivos atuais da BVCO e também deixar uma mensagem para os irmãos da Bearded Villains de todo o mundo.

               Os objetivos do Capítulo Centro-Oeste são os objetivos de todo e qualquer Capítulo dentro das regras internacionais. Primeiro, além de tudo, manter a honra, a lealdade ao Bearded Villains original e entre nós, os irmãos. Mundialmente e dentro do Capítulo. Propagando a cultura da barba e da caridade, que são os nossos alicerces. Somos uma família. Então, a questão do respeito e da moral uns com os outros, tem que ser pontuada muito bem. De estarmos realmente despidos de todo e qualquer preconceito. Que seja racial, sexual, político, cultural e religioso. Se você não respeita o seu irmão, você não respeita a sua família. Se você não respeita a sua família, você não vai respeitar ninguém. Não vai respeitar o seu Capítulo, respeitar as nossas diretrizes. Temos de levar sempre esse ponto de equilíbrio, essa harmonia. Mostrar para os outros que é possível fazer, sim, caridade. É possível estender a mão, sim. Isso nos uniu, além da barba, no Bearded Villains. E isso não tem preço.  Porque minha mãe sempre me ensinou, e eu falo no Capítulo, “quem não vive para servir, não serve para viver”.

Sobre a Bearded Villains:

Reunidos em 165 Chapters e presentes em 36 países nos cinco continentes, somos a maior irmandade filantrópica de barbudos no mundo. Em nosso país, seguindo os valores fundamentais de apoio à comunidade local, trabalho voluntário e eventos de caridade da BV Internacional, a Bearded Villains Brasil é o Chapter nacional mais antigo. Em atividade desde novembro de 2015, dividimos com nossos dois outros Chapters Irmãos brasileiros, BV Centro-Oeste e BV São Paulo, os mesmos princípios de promoção da ética, paz, cidadania e direitos humanos.

BV QUEENS BRASIL

Salute, nação barbuda! Estamos em março, mês símbolo de um amplo contexto de reflexões, conquistas e lutas femininas por protagonismo, reconhecimento e pelo fim das diferenças que tornam nossa sociedade uma hierarquia de gênero. Notadamente no Brasil, o Mês das Mulheres deste ano, tem ainda um motivo a mais para ser comemorado. Em 2022, completam-se 90 anos do Código Eleitoral de 1932, data em que o direito de votar e ser votado deixou de ser uma exclusividade masculina. Avanço mais do que necessário para caminharmos rumo à equidade e uma realidade onde todos dividam oportunidades iguais de falar e ser ouvido.

            Para celebrar essa data, e compartilhar a força das vozes femininas, o SALUTE! desse mês trouxe para a conversa as Bearded Villains Queens. Mulheres fora de série que, além de terem histórias próprias, também atuam nas ações sociais, campanhas e realizações da BV Brasil.

            As BV Queens nasceram em 2015, ano seguinte à criação da Bearded Villains, por iniciativa de Bella Mendez, esposa do fundador e líder da BV Internacional, Von Knox. No Brasil, as Queens chegaram logo em dezembro de 2015 através da ex-Queen Vívian Cardozo, esposa do primeiro Capitão da BV Brasil, Sávio Bastos.

VÍVIAN CARDOZO

            Segundo a atual líder, Raphaella Sweetlizzie, casada com nosso irmão Nasa Seifert e a quinta Queen a ocupar o cargo, as BV Queens foram criadas para apoiar e ajudar a causa dos Bearded Villains, reunindo interessadas  em torno das mesmas ações sociais e divulgação das campanhas da Irmandade.

RAPHAELLA SWEETLIZZIE

            Ainda de acordo com Raphaella, atualmente as BVQ Brasil contam com 12 Queens, além de 5 em processo de avaliação. Para fazer parte da BVQBR a candidata não precisa, necessariamente, ser ligada a um membro da BVBR. Mas precisa simpatizar com a causa da Irmandade e agir dentro dos mesmos princípios de respeito e lealdade.

            A seguir, vamos poder conhecer melhor algumas das Queens do Brasil, suas trajetórias e relações com a Irmandade. Cada uma delas é sua própria representante nessa edição:

            Quer conhecer mais o trabalho das BVQ? No Instagram, a Irmandade Internacional pode ser encontrada no perfil @beardedvillains_queens e, as BVQ Brasil, no perfil @bvqueensbrasil. Vale a pena conferir! Por fim, reafirmando o talento, a contribuição e a importância da personalidade de todas essas Queens ímpares, que dividem conosco os mesmo ideais e dificuldades de construir um mundo melhor para todos, encerramos esse mês dedicado às mulheres. Contamos com cada uma delas para fazer da Bearded Villains Brasil sempre cada vez mais aberta e participativa!

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Sobre a Bearded Villains Brasil:

Reunidos em 165 Chapters e presente em 36 países nos cinco continentes, a Bearded Villains é a maior irmandade filantrópica de barbudos no mundo. Em nosso país, seguindo os valores fundamentais de apoio à comunidade local, trabalho voluntário e eventos de caridade da BV Internacional, a Bearded Villains Brasil é o Chapter nacional mais antigo. Em atividade desde novembro de 2015, dividimos com nossos dois outros Chapters Irmãos, BV Centro Oeste e BV São Paulo, os mesmos princípios de promoção da ética, paz, cidadania e direitos humanos.

CONVERSA COM O CAPITÃO: PAULO JANUÁRIO

Subir um conteúdo sobre o CO-CAPITÃO da BEARDED VILLAINS BRASIL é trabalho difícil. E não só por causa do seu pouco tempo livre entre a vida profissional, o segundo casamento e a partida já marcada para Omaha, cidade do estado americano de Nebraska. Mas, principalmente, porque PAULO JANUÁRIO, esse barbudo simpático de 49 anos, pai de três filhos e natural do município paranaense de Fênix, tem uma conversa tão boa que, em pouco tempo, o bate-papo sem roteiro fica muito mais interessante que um guia perguntas. Então, para a nossa sorte, foi por esse mesmo caminho que tivemos o prazer de seguir. Nesse primeiro mês do ano, inaugurando a temporada 2022 de publicações do site da BVBR, o nosso querido JANU tirou alguns momentos, entre a lua de mel e os vistos de viagens, para trocar algumas palavras, e muitas risadas, com o “SALUTE!”.

Qual foi sua porta de entrada para a barba, Janu? No perfil do Facebook, ainda há algumas fotos antigas suas com o rosto bem liso. Como isso trouxe você até a Bearded Villains?

            Me interessei pela BV em meados de 2017, uns dois anos depois de começar a cultivar minha barba. Desde sempre, me barbeava todos os dias pela manhã. Mas, por volta de 2016, durante uns 20 dias de férias, decidi dar férias ao meu rosto também e gostei muito do resultado. Por alguns meses mantive com um centímetro, ou menos, e comecei frequentar barbearia. Fui me entusiasmando a deixar um pouco maior, e maior… Quando percebi, já estava com 10 centímetros e investindo parte do meu salário em balms, óleos, shampoos e visitas semanais ao barbeiro.

Como uma coisa levou a outra?

            Então, curioso e admirador desse novo mundo de barba, comecei a ser direcionado pelo algoritmo do Instagram ao nome Bearded Villains, que começou a me intrigar. Via esse nome em fotos americanas, europeias, até que um dia, perguntei a um barbudo na Polônia sobre o que era esse nome e como poderia eu participar. Ele, então, me explicou brevemente o conceito e me aconselhou procurar aqui no Brasil, pois estava certo que havia um Chapter por aqui. Foi então que eu descobri um cara no Pará, que infelizmente não está mais na irmandade, mas que me direcionou ao Igor, um gaúcho cujo sotaque denuncia sua origem (risos).

O Igor (@souumcarabacana) foi seu scout, não é isso?

            Exatamente, o Igor foi extremamente atencioso, qualidade que lhe é peculiar. Me explicou tudo e aceitou ser meu Scout. Fui apresentado ao grupo Bearded Villains Brasil. Fiquei encantado e ainda mais intrigado em como esse grupo funcionava, apesar das distâncias continentais entre os membros. Alguns meses mais tarde, recebi o patch Villain, que foi motivo de muito orgulho e alegria!

A BVBR foi uma mudança muito grande para você?

            Caramba, eu que sempre vivi meu mundinho local de faculdade, trabalho, igreja e família. Agora, era membro de uma organização internacional e com valores tão nobres! Se eu já estava empenhado em colaborar como Hopeful, a partir daquele momento, como Villain, redobrei meus esforços. Estabeleci vínculos pra vida! Alguns, apesar de não estarem mais na irmandade, os carrego no coração como se amigos de infância, fossemos!

Logo em seguida do ranking de Villain veio o Meeting da BVBR, em julho de 2018, não foi?

            Sim! O Meeting em Ribeirão Preto! Caramba! Ia conhecer o Capitão Felipe! Meu Scout Igor! E tantos outros irmãos que me arrepiava só de pensar. E chegou o dia. Na verdade, os dias, que foram poucos! Foi apenas um fim de semana, mas que deveria ter sido o mês todo! Foi maravilhosa a ação social que fizemos na praça central, os encontros de confraternização. Absolutamente inesquecível.

Nos Meetings de 2019, o primeiro aniversário da BV Centro-Oeste, em janeiro, Meeting da BV Argentina, em março, e o também primeiro aniversário da BV São Paulo, em Abril, você esteve?

            Também! No primeiro aniversário do Chapter Centro-Oeste, antes chamado de Chapter Goiás, me concederam o título de membro honorário, entregue pelo Capitão Franco. Recebi com muita alegria e orgulho! Depois, tive a honra de igualmente estar do primeiro aniversário do Chapter São Paulo, onde fui recebido carinhosamente por todos e, em especial, pelo Capitão na época, Ricardo Barbosa (@rickipride13). E, algum tempo depois, pude participar do Meeting Latino Americano em Buenos Aires. Sim! Com aqueles monstros da BV Argentina e representantes de outros 11 países. Simplesmente não dá para descrever aqui o sentimento de pertença e empatia que rolou lá. Um aprendizado pra vida!

Foi depois do Meeting Latino que você começou a participar também da organização do Chapter Brasil?

            Sim. Tive a honra, um pouco mais adiante, de fazer parte do Conselho da BVBR enquanto secretário. Alegria que não cabia no coração. Ajudar na organização dos dados dos irmãos, quem era Scout de quem, onde moravam, como se alimentavam, como se reproduziam (risos). Atividade prazerosa e que me deu a oportunidade de contato individual com cada um, pois precisava colher dados. Poxa… me deu vontade de fazer tudo isso outra vez!

De lá para cá a BVBR mudou muito?

            Seguindo na linha do tempo, como em qualquer organização, mudanças foram acontecendo no Conselho e fui convidado a auxiliar nosso atual Capitão Reges, como Co-Capitão dessa irmandade. Nessa época, pudemos concluir um feito que já era sonho antigo da Irmandade, que era a nossa formalização como Entidade Jurídica, com Estatuto Social e Corpo Diretivo. Ficando, finalmente, reconhecida como uma entidade legal com CNPJ e, trazendo assim, mais confiabilidade e transparência. Não apenas aos membros internos, mas a toda a sociedade. Sem contar que, também, essa formalização foi um pedido da Bearded Villains a todos os Chapters do mundo. Nosso Chapter foi um dos primeiros que conseguiu atender a esse pedido. Somos muito orgulhosos por isso!

A gente vai conversando e eu tenho a impressão que há todo um outro universo de boas histórias que poderíamos estar contando aqui, estou enganado?

            Olha, poderia escrever um livro sobre minha vivência na BV. São muitos os eventos, conversas, experiências… Enfim, emoções que trago na memória. Um carinho por cada integrante dessa irmandade. Os que aqui estiveram, os que aqui estão, os que tiveram passagem rápida, os que chegaram há pouco… Pessoas muito especiais que fizeram parte de um período muito importante para minha vida. Encontrei, aqui na BVBR, respeito e acolhimento tão importantes para o momento que eu vivia. O respeito que temos pela diversidade de pensamento aqui é algo único e que deve ser primado. O respeito pela crença, ou não crença, pela opinião sobre as coisas, pela diferença social,… pelo ser humano, é fundamental para que nos fortaleça o sentimento de pertença, e, com isso, nossa união nos nossos propósitos.

Você sabe que está partindo por um tempo do Brasil, mas já deixando uma saudade muito grande aqui conosco. Alguma mensagem final para nossos irmãos?

            Acho que, do que falamos, fica a mensagem aos villains, hopefuls e supporters, que continuem humildes e tolerantes! Não existem donos da verdade, assim como não há também quem não possa contribuir. A caridade que tanto valorizamos, deve também ser praticada com nós mesmos e com nossa família. Não conseguimos dar a ninguém aquilo que nos falta.